Mas
eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já
declina. E entrou para ficar com eles. Lucas 24:29.
A história do caminho para Emaús, que
Lucas nos conta com tanta simplicidade dramática, proporciona um quadro ímpar
do Cristo ressurreto no coração de sua igreja, sem paralelos em qualquer dos
outros relatos da ressurreição. O Cristo dos quarenta dias aí representado,
embora seja o mesmo Cristo da Judéia e da Galiléia, ascendeu agora a um novo
plano, mais espiritual, mais misterioso e sobrenatural. Ele estava elevando os
pensamentos dos discípulos para compreenderem a natureza da amizade divina que
passariam a ter com Ele, sem perder em nada sua antiga benevolência e ternura,
já tão bem conhecidas. Aquele que encontrou os dois discípulos no caminho para
Emaús é o mesmo que nos acompanha hoje em nossa caminhada na Terra. É uma
Presença permanente, um Amigo sempre presente, e sua voz suave se faz ouvir de
geração em geração: E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século. Mateus 28:20b.
Tudo tão simples e tão natural quanto o
cair da noite enquanto conversavam; assim Ele continua habitando dentro de todo
aquele que creu que foi morto e ressurreto com Ele, para guiar-nos através de
todos os caminhos e veredas da vida. Há um novo elemento em sua humanidade,
pois passou pela sepultura e ressurgiu transformada, transfigurada e
glorificada. Como disse o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 5:16 Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos
segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o
conhecemos deste modo.
Quantas vezes Ele está conosco e deseja
se manifestar sem que o percebamos. Quantas provisões divinas, quantas
respostas de oração, quantos toques de compaixão humana o trazem para perto de
nós, pois é quando nos sentimos mais sozinhos que Ele está mais próximo. Deuteronômio 4:7 Pois que grande nação há
que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes
que o invocamos?
Ele entrou com a maior naturalidade na
conversa dos discípulos de Emaús. Notou que estavam tristes, tomou o fio da
conversa e transformou-a em uma maravilhosa mensagem de bênção. Assim Ele vem a
nós, exatamente no lugar em que nos encontramos. Não precisamos ascender a
elevados pináculos espirituais para trazer o Senhor Jesus até nós. Não há
circunstância alguma em que Ele não possa misturar-se e trazer seu amável
companheirismo. Ele vem até nós pela sua Palavra. Se conhecêssemos mais as
Escrituras, se as estudássemos com mais afinco, veríamos que Cristo está sempre
pronto a nos encontrar em suas páginas e ouviríamos suas grandes e ricas
promessas. Está escrito em Apocalipse
19:10b. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
Será que já aprendemos a reconhecer sua
face em cada página e sua voz em cada promessa? Ele faz nossos corações arderem
quando abre para nós as páginas das Escrituras. Sua Palavra não é meramente luz
intelectual, mas vida espiritual e fogo dos céus. Os olhos do nosso coração
precisam estar mais iluminados que as nossas faculdades de compreensão. Pouco
adianta ler a Bíblia como uma mera tarefa ou estudo. Precisamos lê-la com o
coração em chamas e com amor ardoroso, como sua carta de amor para nós e como o
espelho de sua face. Todo filho e toda filha de Deus ama ler as Escrituras. Salmos 119:97 Quanto amo a tua lei! É a
minha meditação, todo o dia!
Mas o Senhor quer uma intimidade conosco
ainda maior que a revelação de sua Palavra. Ele anseia por revelar-se ao
coração amoroso por meio de uma visitação e manifestação pessoal. Foi assim com
os discípulos quando, ao chegarem a Emaús, Ele permitiu que o constrangessem a
entrar em sua casa. Há um elemento de intensa humanidade e divertida dramaticidade
na declaração feita em Lucas 24:28 E
chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe.
Observem que “fez como quem ia para mais
longe”. Esse gesto foi somente porque queria ser pressionado. Jamais ficaria
como um hóspede indesejado. Queria uma demonstração do seu amor insistente; que
o constrangessem a ficar. Ele jamais invadirá nossas vidas ou nos forçará a
abrir nossa porta. Apocalipse 3:20 Eis
que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
Por essa razão, Ele às vezes retém a
resposta à nossa oração e não nos revela sua face, a fim de que nosso desejo
aumente e nosso apelo chegue com mais insistência amorosa ao seu coração. Mas
como Ele sente alegria em responder quando percebe que é bem-vindo! Veja como
foi comovente o convite dos discípulos de Emaús: “Fica conosco, porque é tarde
e o dia já declina”. Como esse apelo amoroso tem soado através dos séculos como
o clamor de corações saudosos e solitários ansiando pela presença do Salvador!
Quantas vezes desde então essa oração subiu até Ele das almas solitárias,
entristecidas, oprimidas e abatidas! E nunca subiu em vão ao seu coração
amoroso. Tal como na natureza as correntes quentes da atmosfera fluem com
ímpeto para preencher o vácuo, assim também o coração faminto e vazio sempre
encontrará por perto o Salvador. Salmos
107:9 Pois fartou a alma sedenta e encheu de bens a alma faminta.
Em toda experiência cristã existe uma
realidade que corresponde à cena de Emaús. O Senhor Jesus de fato vem e
torna-se real para a alma amorosa e ansiosa por Ele. João 14:23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra;
e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.
Quando Cristo entrou naquela casa em
Emaús, não era mais o acanhado e disfarçado estranho, mas imediatamente tomou
seu lugar e deu-se a conhecer. Sentando-se à cabeceira, tomou o pão, abençoou-o
e o partiu. E quando eles o tomaram aquele pão o que aconteceu? Eles o
reconheceram! Lucas 24:30-31a. E
aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o
partido, lhes deu; então, se lhes
abriram os olhos, e o reconheceram.
O antigo sorriso de reconhecimento não
deixava dúvida. Era o seu abençoado Senhor, seu precioso Cristo, e seus
corações se encheram de alegria, uma alegria tão profunda que ele precisou
retirar a visão e desaparecer de suas vistas. Isso tem um profundo significado.
Tivesse ele ficado por mais tempo, todo o significado de sua nova forma de
relacionamento teria sido mal compreendido. Doravante, seria por fé e não por
vista. Houve um momento de visão e de memória visual, mas agora teriam de
levantar-se e caminhar somente pela fé, prosseguindo sempre pela simples base
de uma vida de confiança. Nada mais nocivo que estar sempre em busca de
sensações espirituais e alegria emocional. A atmosfera e a atitude normal do
cristão é a confiança e a comunhão pela oração. Visto que andamos por fé e não pelo que vemos. 2 Coríntios 5:7. Amém.
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